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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Eu
quero
chão
quero
poesia
quero
amor
quero
filosofia
quero
mundo
quero
perder
quero
plenitude
quero
querer.

eu
quero.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Mesmo nessa terra nada fértil, a semente, verdadeiramente repleta de si, pensa:

Eu ainda cresço em mim!

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

eu poderia sorrir mais do que chorar, mesmo tendo motivos maiores para o segundo jorro sentimental,

mas qual seria a graça da poema triste, sem um triste poeta ao o escrever.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

é que ontem a noite foi como o dia
refletindo em meus olhos
sem parar
a luz que toca em cada pessoa.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

sempre me chamaram
solidão

sempre me quiseram por perto
solidão maior ainda

sempre
há solidão e é incomensurável


a solidão está comigo
pois não estou por perto nem de mim

e ela, fiel amiga
teima em não me abandonar.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

geralmente
ama-se mais do que o coração pode agüentar
mais vezes
por tempos cada vez menores
ama-se muito

...existem as exceções, é claro!

e infelizmente
não faço parte delas

domingo, 1 de agosto de 2010

para o mundo
o que é do mundo

para mim
o mundo todo


de uma vez
sem descanso

dar o gole único
prazer ao máximo

trazer ao máximo
viver ao máximo


até onde der
ou puder aguentar

até lá
onde eu possa chegar.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

porque te achar boa ou má
tanto faz...

não tem jeito ou forma melhor do que essa.

cair em desespero, inventar situações, enrolar nas palavras... tudo besteira!

ficamos assim, então: eu não sofro nem deixo de gostar. você continua leve e solta, mas me deixando te olhar!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

tua maldade bela
me cerca
me seca

tua maldade
me faz bem

tua maldade me faz
perceber-me vivo
me faz ser além

tua maldade me contamina
tua maldade é minnha sina
tua maldade, menina!

ela é a causa
ela é o feito
ela é tua,
meu desejo

não deixas nunca de ser má
não deixes nunca
de com tuas pontas
meu peito...
FIM

segunda-feira, 28 de junho de 2010

neste ponto uno realidade e ficção
experiência ao sem comprovação
pra contar uma história
sem que pareça aberração

estranho, modificado
é disso que precisamos
pra instigar a imaginação
pra continuarmos pensando

do não certo
menos ainda errado
queremos nos pés uma base sólida
e o cérebro aerado

vivido instantâneo
queremos é ter achado
que aquilo que vimos
é de fato um fato

e viajar por todos os mundos
e crer que podemos
nos perder nas histórias
de onde viemos

fantástico,
tangível,
mistura
imprescindível

de documentação já basta a vida
quero mais contar ficção pra nos olhos ser lida.

[12] [123] [321] [5768] 1-2-1=0

na batida da pele
perde-se o coração

sobra o corpo
espaço vão

skin's beat

Meu coração ama na mesma velocidade que a tua pele.

Sincronizando, quase na mesma batida

... tentativa...

Tua pele desritmada causa angústia no meu coração,

E morro de amores quando penso em usar de tua veste-corpo.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Um dia o mar olhou pra dentro de si e viu que só tinha tempestade, e, em sua grande barriga d'água, gente morta e barcos naufragados.

Um dia quem é gente se olhou no espelho e viu que era mar.
Acredito nas pequenas coisas
Acredito que elas movem montanhas
Acredito em fé, em Deus, e em todo o pacote incluso na minha educação
Só não acredito que a forma de acreditar tem que ser sempre a mesma
monótono...
Acredito que acreditar é ir além
É saber que seus limites se mantém, mesmo quando você os ultrapassa, como um novo ponto de partida
É viver o possível sabendo que o ideal impossível se aproxima
É não ter medo de se jogar de cara e de se arrepender depois. O arrependimento foi feito pra vir depois.
Acredito, acima de tudo, na força transformadora que o acreditar nos traz.
E mesmo que o que eu acredite não se justifique, em mim encontro as justificativas de que preciso.
Acredito que acreditar é do que preciso. Acreditar em tudo sem esquecer de acreditar em mim.
Acredito sem a necessidade de um "Amém" pra encerrar as minhas frases, sem a busca torturante de um motivo, aceitando que as coisas acontecem por conseqüência natural e tangível.

Simplesmente acredito. E ganho forças nisso. Minha motivação pra dar um passo é acreditar que um novo chão vai ser pisado, que com dez passos posso atravessar uma rua e encontrar. O que? Acredito que algo vai ser encontrado, mas não me cobro, pois acredito que estará lá.

Como já disse: Acredito que acreditar é ir além. E eu vou.


Pior que ter um
é ter dois na mão
e querer continuar voando...

segunda-feira, 24 de maio de 2010

1.1 prosas do fim (não mais as pequenas)

Alguém alguma vez me disse: "o amor você guarda numa caixinha chamada peito, dentro de uma outra caixinha chamada coração".
Bastou tomar isso como verdade pra começar a sentir as dores pontiagudas e incansáveis. Doía por não ter o brinquedo, doía por não poder ir lá, doía por não poder ver TV, por não poder sair, por não poder correr, por não poder chorar, falar alto, ser, e todas as outras coisas que amava fazer.

Dia desses me disseram que era mentira. "Que dor de coração que nada! O Amor é altamente psicológico, nada que um bom calmante ou droga semelhante não acalme".

Não sou adepto das drogas, pelo menos não das semelhantes...

Mas concordo com a parte da psicologia. Tantas outras coisas já moravam na minha cabeça: as preocupações, os pormenores, os maiores problemas, os obstáculos, os sonhos e pesadelos, a voz chata dizendo o que fazer, a voz dos pais e irmãos, e daqueles que vieram pra minha vida; que danado o amor não estaria fazendo lá? Claro. Altamente psicológico, assim como as dores nas caixinhas logo abaixo.

Estranho é que senti o meu coração parar de doer. Assim, do nada. Bastou tomar essa verdade psicologicamente lógica que a dor parou, o bater parou, e as certezas que ele me oferecia também pararam (de ser tão "certezas").
Tudo foi transferido, "backupeado", transformado em 0 e 1, triado, protegido e guardado.

Mas a minha tecnologia nunca avança. "Mas" é muito comum na minha história. E neste porém de acúmulos amontoados tendenciosos para o retorno começaram as dores de cabeça... E o meu crânio vai batendo cada vez mais descompassado, misturando as coisas, centrifugando até o que não dá mais caldo, incomodando cada vez que o interesse chega a vista e se espalha para o corpo e além; existindo como inverdade que sempre precisa de mais tangentes para surgirem neste plano.

Cansei. A dor já está mais forte. Vou tomar uma droga semelhante, um sono, ou um golpe forte na nuca pra parar de vez. Pra isto parar de vez

domingo, 16 de maio de 2010

Todo santo dia a andar nas ladeiras das emoções
íngremes, tensas e inesperadas

cansado, minhas pernas quase não respondem
trêmulas e incertas do próximo passo, do próximo a este
é uma distância dolorida

a vida.
um subir e descer sem esperar pra acabar.
sempre extrema, nunca descansa de ser tão calmaria
inversa de si mesmo

Ladeira não é montanha,
alcançar é possível
impossível é ficar parado

quinta-feira, 6 de maio de 2010

quero ouvir da tua boca qualquer palavra
ou aglutinado que forme uma frase

quero só te ouvir e imaginar que em alguma língua mãe solta pelo mundo seu significado traz amor.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

eu tenho medo do que esse tal futuro incerto pode representar.
Fazer o que?

abrir os braços. Abocanhar!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

a raposa vidra os olhos na galinha.
és minha amiga, diz, és minha melhor amiga agora

a raposa ama a galinha.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

vagaroso

meus pés,

minha fala,

meu riso,

meu amigo-abraço,

meu jogo,

minha dinâmica,

meu espaço,

minhas conquistas,

meus anos


são rápidos.


Meu compasso

descompassado.

Meu ritmo

ressacado.

Meu querer

envergonhado.


lentos...


Mas não!




Meu coração

não.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Geminiano

um a um
revela um
outro
no outro
esconde
e é

...

uma casa pra dois
virados ao avesso
um é fim e recomeço
o outro já começa pelo fim
sou eu
sou dois em mim
...............................................21/09/09



Deixe que a pele diga
é o bastante.
o resto
o coração, a mente, o desejo
inventa.


(frasesem data de nascimento)



recipiente de ...

debaixo do vinho quente
da última gota que resta na taça
que seca, e vira grude, odor de vinho na taça
debaixo dela, hei de te encontrar

repleto de forças extremas
não minhas, nem suas
do mundo, da natureza
do ser humano

hei de tomar essa última gota
com gosto de dose inteira
com peso, e embriaguês
e com uma puta ressaca moral pós apocalíptica.

hei de te ter
de esgotar os meus desejos
de esgotar esse teu corpo-taça
em que resta a minha última chance

hei de ser livre nesse então
enlace de corpos
ávidos por um só encontrar
momento oportuno

depois, acordados ou ainda não
pego as tuas vestes
jogo sobre teu belo seio-Ser desnudo
e te olho, taça, inteira

dos pés a cabeça
taça inteira sem teu seio-Ser
pois agora é meu
e para olhá-lo

preciso me ver no espelho.

(frasesem data de nascimento)


porque toda poesia,
toda estrofe,
todo verso,
cada palavra que escrevo
começa com a primeira letra do teu nome
e termina com o emaranhado de sentimentos tolos que não consigo dizer após acabar de falar as letras que se seguem.

(frasesem data de nascimento)


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

à amiga, uma frase

Quem sabe um dia você cai dentro do olho do furacão, e consegue perceber como o céu pode ser azul...


à amiga, um poema

Sem peso e sem afinco
Sem amarras e sem esforço
Sem nenhum daqueles longos processos de imersão
E
Sem nenhuma energia castradora

Agora seria só pelo momento
Em que julgaria perfeita a condição
De ser livre
Mas poder andar ao teu lado



domingo, 3 de janeiro de 2010

agumas frases 1

"como você era quando criança. é assim que você será quando mais velho, só que um pouco mais difícil de segurar."

20/12/09


sábado, 2 de janeiro de 2010

novidade

incêndio
é o que vai acontecer
já já

nesse conjunto de dias que se seguem
agrupando-se feito palha
pra na mínima faísca...

bummm
e lá se vai mais um, de 365
mais um de tantas horas mal dormidas

bummm
as cinzas deste vestirão o novo
assim como este veste as do passado

flash
vai passar bem rápido
e vai ser ainda mais escorregadio

esse combustível pra se seguir
em frente
e na nova estourada

(re) aprender a existir.



quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

sem nó

De saco cheio dos parnasianos
De pernas bambas no ladrilho frio
Ela, ébria sorridente, prevê tuas flechas

Ela que pontiagudas dores causa
Ela nega
Cabeça alta demais está alta demais

Mesmo assim, mira, acerta, penetra
Invade como sorriso na boca
De salto, assalta roubando o que tiveres mais de teu

Tua cara. Ela se torna
Ela te agrega e te solta
Bambo nas cordas em que te amarras

De força tal, tamanha
Confunde-se e se deixa levar
Pelas frias pedras do chão

Problema é saber aonde vai
E acompanhar.


sábado, 7 de novembro de 2009

Com certeza a lua não sabe que brilha tanto
Ela não sabe que a olhamos admirados
Nem imagina que seja tão assim, símbolo

A lua é burra
Um monte de areia e pedra
Que só se mexe porque algo lhe força

Não é nenhuma paisagem bela
Não tem nada de encanto
É apenas aquela bola solta no ar

Mesmo assim a olhamos
Olhos fartos
Porque apenas nela vemos a beleza do outro

A lua só se torna bonita porque reflete
Porque é feia, burra, mas tem a generosidade típica dos ignorantes
E se deixa refletir...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

leve
contigo
leva-me
daqui
"pralí"
pra algum lugar
onde esqueça o existir

que vires apenas a luz que transpassa a janela
invadindo a minha casa
amanhecendo junto a mim
nos espalhando por todos os cantos

que seja inesperado
como deve e como foi
ser
sejamos

sorriremos, brilharemos
como vidro nos olhos
de um, "doutro"
noutro

nessa platéia
que nos espera
abaixo, do palco
sejamos
teatro

um só
mistura danada
aguçada verdade
ator e personagem.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

esta certa poesia
de sentimentos tortos
de rima rica, forçada
errada.

essa pouca poeticidade
com que vivo, ou finjo
viver a vida
as poucos

não é falsa
não é tola
não está ao contrário

só não é poesia.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

quadro por quadro
retrato move
encena

no intento mistura
realidade à ficção
emenda

e que cada um faça do
o seu
cinema

terça-feira, 8 de setembro de 2009

É isso.
sou isso.
a fração, não o zero à esquerda, mas o que há depois da vírgula.
então não me entendo como incompleto, mas como parte de um todo.

0,1.

alguém.

sábado, 29 de agosto de 2009

tão doce
tão... doce
és como uma fruta
doce
tão doce
suculenta
mordida pelos olhos
e o sabor direto pro coração.

tua doçura ultrapassa o paladar
as nocões
tua doçura cega
e no lugar de todas as outras imagens do mundo


a lembrança do teu sabor.
único, sentido.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

[...]
é sobre essa ilusão que é refeição diária
presente no café da manhã, no almoço e no jantar
e que vez ou outra, constantemente
faz-me atacar a geladeira dos desejos durante as madrugadas
[...]

às vezes sinto uma saudade de ser um pouco menos
um pouco menos correto
um pouco menos enquadrado
um pouco menos afinado
um pouco menos responsável
um pouco menos chato
um pouco menos verdadeiro
um pouco menos entregue
sinto saudades de ser menos carlos
e muito mais caco, minha versão eu mais "jogado"

já fui caco de corpo e alma, hj não mais
meu único medo é me perder de caco
e carlos ser pra sempre.
um carlos que é, talvez, melhor que caco
mas não é ... leve.

sinto falta da minha leveza, hoje sou muito mais rijo e consciente
meio que deixei de ser ator para ser autor
para ter o controle da história, e não mais me deixar controlar.
perdi o imoproviso, sou ótimo nas respostas prontas para perguntas ensaiadas.
não mais coloco um brilho nos meus monólogos, não há mais espaço para os tão agradáveis "cacos" que surgem sem esperar.
sou so esse texto ensaiado e decorado,
esse carlos sem nenhum caco,
e o que mais busco nessa peça quadro-a-quadro
é a naturalidade

a naturalidade do Ser.


domingo, 5 de julho de 2009

amores platônicos, eis pra mim a maior serventia:

escrever sobre eles.


quarta-feira, 1 de julho de 2009

e assim ele segue a vida:

esquece do passado em dúvida, que graças a deus se tornou a afirmação do presente e do futuro.

joga-se no mundo, espera uma boa rede pra cair...

e ouve música pela madrugada, pensando na vida e no que é possível fazer nela.

quem sabe assim será mais feliz. ele, pelo menos, ainda não sabe.


segunda-feira, 29 de junho de 2009

a gente tem esse por que e esse talvez gravado na mente pra eternidade.
o problema não é a pergunta nem a dúvida.
o problema é a mente.


terça-feira, 23 de junho de 2009

releitura

não importa mais o que não foi dito.
apenas importa o que tenho a dizer.


... pelo menos por enquanto.


segunda-feira, 22 de junho de 2009

tenho a feliciade tão próxima, mas teimo em sobrecarregá-la de vontades intangíveis.

preciso reler minha literatura. preciso me entender melhor. preciso cobrar menos de mim.


domingo, 21 de junho de 2009

meio que descarado, observo-te o tempo inteiro. meio, pois por intero só tenho a vontade.

(incompleto)


sábado, 20 de junho de 2009

um olhar de verdade
cheio dela
cheio de mim
cheio de palavras não ditas

percorre meu coração,
produz sinais por todo o corpo,
se pinta nos músculos do rosto
e viaja pelo ar até os teus olhos.

míopes, eles mal me enxergam
quem dirá tamanha verdade?
então, os meus cintilantes perdem o brilho
e começam a contar outras histórias.

mas um rastro de verdade
as acompanhará por debaixo das suas sombras
e quem sabe um dia os saudosos óculos voltem ao teu rosto...

espero que enxergando, não desvies o olhar.


segunda-feira, 15 de junho de 2009

o novo eu me dá tapas na cara
tapas que enterram sementes
e no local onde se afundam
crescem flores.

espero que o pólen delas não se espalhe
permaneça em mim
aguardando o agente fértil alheio
agir no corpo tão meu.

quero me encher dessa verdade
de ser tão eu quanto posso ser
mesmo que cada dia ainda mais novo
sendo o novo, sendo só isso.

ainda cresço em mim.



sexta-feira, 10 de abril de 2009

é o velho que me olha nos olhos
através do espelho
o velho que sou
cheio de saudades do que era
cheio de saudades do que não pode ser.

é apenas um velho
e velhos logo morrerão.


quarta-feira, 8 de abril de 2009

vitrine de mim mesmo
reticente itinerante
sou esse pouco fato que se apresenta pelos cantos
como se tivesse muita coisa pra falar.


domingo, 5 de abril de 2009

de repente estou ao teu lado
vejo tudo mais verde, um frescor ronda todas as coisas
vejo tanto pólen solto pelo ar, bailando à vida
ouço os sinos tocando, paro para ouvi-los
sinto um cheiro agradável, de vinho e suor, de corpo ébrio, do nosso corpo

é noite
é dia
é tudo junto
tudo é lembrança
e tudo é uma festa.

estar com você é uma festa!

E como os balões da festa, eu ganho o ar
viajo por sobre a cidade
repleta de você, dos nossos cantos
dos rastros que deixamos sobre a noite, sobre as festas, sobre os bares, sobre os carros, sobre as pontes, sobre nós e acerca de nós.

sinto aquele aperto, de quando se está feliz demais
caio em mim
escuto tudo melhor
aquele grito agudo me chama para a realidade.

meu despertador não para de tocar. eu, não querendo acordar, desligo-o e enfio a cabeça no travesseiro, procuro alguma lembrança, algum resquício de sonho. Procuro teu cheiro no travesseiro, mas nunca o tive aqui.
desisto. me levanto cuidadosamente com o pé direito. quem sabe um pouco de superstição é capaz de trazer sonho à realidade.
sigo.
mas ao teu lado, só em sonhos.


terça-feira, 31 de março de 2009

um homem velho me parou na esquina e me olhou no olhos.
meu mal urbano me fez pensar que ele ia me assaltar, mas não.
- diga, senhor.
- só o acho interessante de olhar.
- desculpe, estou atrasado... e tentei sair. ele muito rápido, volta a minha frente.
- me deixa te olhar mais um pouco.
- olha, eu tenho mais o que fazer. dá licença?
- toda... e eu continuo andando. alguns passos a frente dou uma leve olhada para trás e vejo que o homem ainda me olha. paro. respiro fundo e dou a volta. vou até ele.
- diga o que o senhor quer? é dinheiro?
- não, meu filho. só quero te ver um pouco.
aquele homem me inquietava. não olhava-me com olhos de ganância nem de sexo. observava meus olhos.
- senhor, diga logo o que quer!
- quero só te ver mais um pouco, além do que você mostra pra todo mundo. mas vc não deixa, não é?
- como assim? o senhor não está me vendo aqui parado na sua frente.
- você não deixa ninguém te ver, não é?
- senhor...
mais pra frente um amigo grita meu nome.
- desculpe, tenho que ir... e saio. confuso.
já ao lado do meu amigo.
- aquele velho é louco. te parou perguntando se podia te ver, não foi?
- foi...
- é, ele tá fazendo isso com todo mundo aqui. louco.
e seguimos o nosso caminho.

outro dia, em casa, me olho no espelho, embaçado, após fazer a barba e lavar o rosto. a lembrança do velho me atinge abruptamente.

"você não deixa ninguém te ver, não é?"

pois bem, senhor: nem eu me vejo claramente.


- um presente pra você.
- nossa! que dia é hoje, eu esqueci alguma data importante?
- não. só quero te dar um presente.
- tudo bem. cadê?
- aqui...
- tão pequeno assim... não estou querendo dizer que tamanho importa. mas é que este envelope é tão pequeno. é um cheque milhonário?
(ri)
- o último pedaço do pergaminho sagrado onde foram escritos os mandamentos
- amor, os mandamentos foram em pedras...
- é... eu sabia, eu só queria brincar.
- mas... e aí?
- não sei...
- não vai abrir?
(vacila um pouco)
- parece muito importante? quanto menor mais importante, não é?
(o olha, deixando um sorriso tomar conta da face)
- abre.
- é um pedido?
- é um presente.
- que tipo de presente?
- do tipo que se ganha e não se faz mais perguntas.
- do tipo que se abre?
- é, do tipo que se abre.
- tá bom...
(os olhos brilham)
(abre)
(o olhos brilham como nunca)
- é... teu nome...?
- ... te amo.


dormir é o que me resta
sonhar é só o que posso fazer.


cala a minha boca com o dedo antes que eu diga qualquer outra besteira
agora me pergunta qual a pergunta certa
e eu penso um pouco antes de responder qual é a pergunta certa
:
- pra que falar?

... beijo


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

cheiro e carnaval

era maré de povo
tanto suor
tanta cor
sem você
apenas teu cheiro

a cada esquina
estranhos
caras feias pintadas de beleza
nenhum rosto teu
mas teu cheiro se destacava

em carnaval
pelo ar
o perfume que te traz para minha cabeça
saia dela e dizia
que talvez ali você estivesse

e meus olhos te procuravam como loucos
na esperança de entre tantas cabeças
ver a tua
viajar na tua
cair no teu passo

fiquei só com teu cheiro
e só teu cheiro não fez carnaval
quem sabe no próximo ano
a gente sobe e desce ladeira, cai na noite antiga
com teu aroma te vestindo ao meu lado.


sábado, 21 de fevereiro de 2009

mais uma vez, ilusão

de repente restaram apenas eles. a multidão parecia se resumir ao fora de foco comum do que não interessa no quadro. os olhos dela, da pessoa amada, brilhavam, refletiam ele, que a olhava. e viva! ele estava na cabeça dela. podia se ver lá dentro. e se sentia dentro dela.

um milésimo de segundo, foi esse o tempo. naquela noite, no meio de todas aquelas pessoas, no meio do discurso apaixonado pelo assunto da vez, ela passou a vista por ele. ele que sempre tinha a vista nela. bastou isso para satisfazer o seu sonho por aquela noite. e por todo o tempo em que não iriam se ver, aquela imagem, dele preso no olhos dela, serviria para fazê-lo acreditar que era verdade. até que iria arranjar outro fato que comprovasse o que ele sabia não ser real, mas que era gostoso acreditar existir.


...e eu sempre espero que no meio da conversa tua mão displicente caia em mim...


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

FUTURO: algo que a gente deixa pra depois.
Pode ser que mude, ou não.
Não dizem que ele a Ele pertence?
Acho que também depende das ações de cada um.
Se tudo corre bem,
Vem o futuro com boas notícias.
Se não,
Vem o futuro incerto (pode ser que coisas boas aconteçam mesmo que o que espero hoje não aconteça).
Futuro é isso.
E a gente só tem que esperar acontecer.


por que o coração é um inimigo tão forte?
ele parece um dragão, se impondo através de seu fogo e querendo destruir todo o mundinho que você cultiva tão cuidadosamente.
mas ele não tem tamanho pra isso, ele cabe na mão. então o comparo a um tumor. ou a um ouriço que teima em furar nosso peito a cada movimento mais brusco que fazemos, como para se proteger de nós.
o coração é venenoso, ele dobra nossos sentidos, faz o corpo ficar doente, e como se não bastasse, gera uma dor de cabeça filha da puta. porque se não fazemos o que ele quer, a consciência pesa.
então ele tem o controle absoluto? ele manda e desmanda? ele só faz o que ele quer.

mas a cabeça é diferente. mesmo sofrendo forte influência do coração, ela é maior que ele.
reclamo da força do coração, mas não por que não posso vencê-la, mas pq ele nunca vai parar de lutar.
e essa luta enfraquece qualquer ser humano.
o coração é foda.
era bem melhor ter uma bomba relógio do que ter ele. só assim a gente explodiria de vez.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

pequenas prosas do fim. II

Cláudia disse ser uma garota boa e que mesmo assim ia pro inferno.

Perguntei se essa era a vontade dela, ela disse não ser.

Perguntei então o porque, ela disse que garotas más vão pro inferno.

Eu falei que ela tinha acabado de dizer que era uma garota boa e, se isso fosse verdade, esse risco ela não corria. É verdade isso, Cláudia?
Ela disse que sim.
Então porque o medo?
Ela calou-se.
É verdade isso, Cláudia? Eu já estava quase chorando nesse momento.
Ela baixou os olhos e quase sussurrando, Sim... Mas...
O que então, Cláudia? Não me controlei e soltei num grito, depois quase chorando, o que então?
Ela levantou os olhos, congelantes, e foi a ultima coisa que vi.
Minha pele sentiu a vibração que vinha de sua garganta, pra qual meus ouvidos não eram mais sensíveis, e ela soava algo como Você me faz querer ir pra onde você vai. A outra seqüência de vibrações foi bem rápida e impactante. Se meus ouvidos ainda funcionassem, e meu cérebro ainda fosse capaz de entender o que eles ouviam, eu teria me encolhido com medo, pois teria acabado de ouvir um tiro.


pequenas prosas do fim. I

- é podre, você é podre!
e nada de argumentos. ela gritava como louca. "podre, cafajeste, imundo... você!"
a última palavra vinha mais carregada que as outras. Você. como se esse fosse o maior insulto que um ser humano pudesse receber... ser eu!
tinha apenas um mês, ela nas nuvens e eu ao mar, jogando rede. das nuvens ela era rarefeita como o ar, espalhavas-se, e espalhava pra todos contos sobre nosso amor. mas esse amor parecia mais ser seu do que nosso.
eu no mar, um pescador a caráter, via tudo tão mais difuso através da água. via o reflexo dela boiando no céu, bem longe de mim e do que eu sentia.
talvez por essa agonia de amar ou por esse "meu bem" por falar, eu ia bem mais fundo n'água. e chegava até a rede. cheia de peixes, cheios do que eu precisava. e fui nadar com eles.
agora, ela fala "você". e eu calado, pois sei que culpa minha é a que existe. erros dela não servem de consolo para os meus.
mas o nosso, esse sim importa, foi não abandonar o mar e o céu, ir para a praia, donde poderíamos ver todo o nosso mundo se unindo distante. E sentados juntos, na areia, algo de sólido, enxergaríamos até nós os passos que marcam o caminho. caminho que ar e água não marca, e se dissolve.


segunda-feira, 4 de agosto de 2008

sem título

enquanto alguns sumiam com teus vultos
eu fazia questão de ficar preso aos teus cabelos
não queria jamais te deixar passar por mim sem me levar
não conseguia pensar em você como quadros semiobscuros nas lembranças
o teu cheiro, tua fonte, sendo levado aos poucos pelo vento que incansavelmente se espalha
e não deixa migalhas que não sejam presenças inoportunas dos lapsos de saudade brincante/gritante em peito aberto
não estou pronto para tua partida
não te esquecerei jamais
não é possível esquecer da nossa própria existência
não recitarão jamais meus lábios
adeus.


falsas falsas poesias

meus versos são cheios de vazio
de palavras que não existem como razões que não são
são coisas que vêm do nada
não as enxergo para além de uma bela semântica universal

pra mim essas palavras não valem nada

sobram no espaço, por onde vagueiam
e se arrumam na mais lógica ordem sentimental de sentimentos sem nenhuma lógica
não existe a regra do interior guiando o vocábulo pelos rumos da emoção
elas brincam de construir mundo e neles existir

não sei se escrever desse jeito, assim tão superficial, é realmente superficial
pois estou repleto de nada ao escrever
e elas vêm do nada
talvez elas sejam, então, o reflexo do que sou eu sem conseguir me ver.


sem título

brotam vis sentimentos do meu peito
emoção rasgada tingida de verdades tolas
sinto o fedor que provocaram meus gestos ensaiados
e das bocas descodifico respostas que já esperava ouvir

um falso amor pra sair de caixinhas de veludo
tenho nas mãos um presente de ego pra fora
não é que não queria a solidão de cada momento junto a pessoa que Não amo
é que prefiro apodrecer sendo isso e mais nada:

apenas o que pintam de mim.


sexta-feira, 25 de julho de 2008

ao rumo

correr pelos campos pra buscar teu encanto
com as mãos delicadamente tocando a relva
e os dedos sentindo o florecer dos botões
correr pela terra adubada com o amor
para depois dos montes poder enxergar o infinito
é puro bucolismo, eu sei
mas o que é esse sentimento
se não a vontade de voltar ao chão donde nascemos?


domingo, 16 de março de 2008

vai passar

quero correr
correr que nem a lebre
fugindo do tiro
quero fugir do tiro
como os pombos
que fogem do barulho
quero fugir do barulho
e mergulhar no silêncio


e ser só silêncio
e ser apenas o ar em movimento
e ser apenas vento


rasgado.
assobiado.
chamado.

quero fugir do que me ataca
correr pro que me chama
não quero ficar parado em minha cama
esperando o tempo passar

e ... (ah!) ele irá passar.

quero passar junto, como o tempo
sobrevoar o silêncio das incertezas do porvir
e deixar todo esse barulho para trás

pois viver é o ato de fugir de tudo o que fomos, e, acima de tudo, de buscar tudo o que seremos.


quinta-feira, 11 de outubro de 2007

entrem

http://www.poemastardios.blogspot.com/
Cacá é phoda!



sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Selvagem

O olhar das crianças apaixonadas é doce e meigo. Simplesmente lindo!
O meu olhar pra você é fera, é carne e fogo. E de infantil não tem nada.



"Queria ter a memória daqueles que me encontram pelas ruas, reconhecem-me e contam proezas nossas, enquanto eu nem sequer de seus nomes lembro."



"A cidade se consome
São milhares de pessoas sem nome
E para cada um o outro some."




"Os louros nunca ficarão na minha cabeça.
Eles me aguardam na eternidade, onde realmente valem alguma coisa!"



sábado, 22 de setembro de 2007

podre ser


Sou fruta mordida

Do velho sabor conhecida

Entre estranhas

Rasga-me os dentes

Perco-me em sensações

São milhares de sabores

Até os que não me cabem

Fruta mordida

Em contato com saliva

Estragada pela vida

Amortecida ou iludida

Fruta com verme

Ou verme de fruta

Misturo-me pouco

Ou pouco me importo com a mistura.

O que importa, sobre o fungo que me decepa

É o sabor do bolor

Na boca de quem morde

Amarga serei

Ou não...

O que serei então:

A fruta mordida ?

Quem morde a fruta?

Ou o podre sabor que fica na boca de quem morde?



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