sexta-feira, 10 de abril de 2009

é o velho que me olha nos olhos
através do espelho
o velho que sou
cheio de saudades do que era
cheio de saudades do que não pode ser.

é apenas um velho
e velhos logo morrerão.


quarta-feira, 8 de abril de 2009

vitrine de mim mesmo
reticente itinerante
sou esse pouco fato que se apresenta pelos cantos
como se tivesse muita coisa pra falar.


domingo, 5 de abril de 2009

de repente estou ao teu lado
vejo tudo mais verde, um frescor ronda todas as coisas
vejo tanto pólen solto pelo ar, bailando à vida
ouço os sinos tocando, paro para ouvi-los
sinto um cheiro agradável, de vinho e suor, de corpo ébrio, do nosso corpo

é noite
é dia
é tudo junto
tudo é lembrança
e tudo é uma festa.

estar com você é uma festa!

E como os balões da festa, eu ganho o ar
viajo por sobre a cidade
repleta de você, dos nossos cantos
dos rastros que deixamos sobre a noite, sobre as festas, sobre os bares, sobre os carros, sobre as pontes, sobre nós e acerca de nós.

sinto aquele aperto, de quando se está feliz demais
caio em mim
escuto tudo melhor
aquele grito agudo me chama para a realidade.

meu despertador não para de tocar. eu, não querendo acordar, desligo-o e enfio a cabeça no travesseiro, procuro alguma lembrança, algum resquício de sonho. Procuro teu cheiro no travesseiro, mas nunca o tive aqui.
desisto. me levanto cuidadosamente com o pé direito. quem sabe um pouco de superstição é capaz de trazer sonho à realidade.
sigo.
mas ao teu lado, só em sonhos.


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